domingo, 7 de novembro de 2010

Conheça a única mulher comandante de avião de Santa Catarina e saiba como virar piloto

No Brasil, são 4.703 homens pilotos de linhas aéreas e apenas 18 mulheres



Num ambiente em que os homens são quase absolutos, uma mulher catarinense se sobressai. Elisa Rossi (foto acima) é a única mulher comandante de avião, em Santa Catarina. Para se ter uma ideia do feito que é sua condição, são 4.703 homens pilotos de linhas aéreas no Brasil e apenas 18 mulheres, ou seja, 0,3% do total.

A gravata e o sapato são masculinos. E é só! Sombra, rímel, blush, batom, unhas bem feitas... Tudo denuncia que o comando da aeronave está com uma mulher. Elisa Rossi pilota aviões há 20 anos. Há três é comandante da Gol, única mulher entre os aproximadamente 1,5 mil comandantes da empresa.

— Ainda é um ambiente masculino, mas já foi pior. É uma profissão técnica, que exige gerenciamento. Não requer força física. Mulheres podem ser excelentes no comando do avião — afirma Elisa.

Um episódio demonstra a mudança de comportamento. Recentemente, um passageiro, ao ver Elisa no comando da aeronave, foi até ela e disse: "Para estar aqui, você deve ser muito competente. Parabéns."

A comandante ficou lisonjeada. Comenta que ninguém entregaria uma aeronave de US$ 35 milhões e com 184 vidas (capacidade do boing conduzido por ela) para alguém que não fosse competente.

A saudade do filho Giuseppe, seis anos, quando ela chega a ficar seis dias longe de casa, é a única dificuldade no trabalho. Quando volta de viagem, dedica-se integralmente ao menino, levando-o na escola, na natação, na aula de inglês.

Para manter a forma, caminha diariamente. Pode ser em Florianópolis ou em Brasília, depende da escala. Também faz parte de um grupo de ciclistas que pedala pelas ruas da ilha à noite.

Entre os sinalizadores de vôo do Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, Elisa é conhecida como a musa do pouso sutil. Na aterrissagem, ela toca a aeronave no solo quase sem solavancos.

— A gente nem ouve nada — conta um sinalizador.

A comandante faz questão de usar maquiagem para ficar mais feminina.

— Em primeiro lugar, sou mulher. Não sou obrigada a me maquiar, mas não abro mão já que estou em um ambiente tão masculino. Uma vez uma passageira foi até a cabine e disse: nossa, você é bonita. Ela esperava uma mulher masculinizada.

Mas Elisa já viveu situações em que o passageiro não foi tão amigável. Uma vez, ao perceber que ela era a comandante do avião, um homem que se dirigia à aeronave simplesmente parou. Ficou na dúvida para embarcar. Mas acabou entrando no vôo. Depois, voou tantas vezes com Elisa que se acostumou e venceu o preconceito.

Paixão

A paixão por estar no ar não tem limites para ela e começou na adolescência. A menina sempre foi apaixonada por máquinas. Aos 12 anos, aprendeu a pilotar motos, sob os cuidados do pai. Aos 14, dirigiu o Opala paterno sozinha. Deu uma volta no bairro com o carro, algo que hoje ela não recomenda para ninguém. O primeiro curso de pilotagem foi aos 17 anos.

A comandante planeja abrir uma escola de aviação, em Florianópolis. Agora quer ensinar homens e mulheres a técnica do pouso sutil.

Para ser piloto

O primeiro passo para quem deseja seguir a carreira de piloto é procurar uma escola de aviação homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e se inscrever no curso de piloto privado. Depois de tirar essa licença, que exige 40 horas de vôo, deve-se seguir para a licença de piloto comercial.

Também é necessário se inscrever num curso específico. Neste caso, são necessários pelo menos 200 horas como piloto de avião. Com essa licença, o aluno pode atuar como piloto de táxi aéreo. Por último, o aluno inicia a preparação de piloto comercial. São necessárias 1,5 mil horas de vôo.

A partir daí, estará apto a iniciar a carreira (normalmente como co-piloto) em uma companhia aérea. Para as três preparações, há aulas teóricas e práticas, que incluem conhecimentos de várias áreas como metereologia e informações técnicas de aeronaves.

Fonte: Cristina Vieira (Diário Catarinense) - Foto:Guto Kuerten

Um comentário:

  1. Muito bom ver que esse preconceito contra as mulheres que são pilotos está sendo ultrapassado (ainda que lentamente).
    Parabéns Elisa Rossi, você é umas das muitas pilotos que me dão força para estudar e ser piloto um dia.

    Carla B.

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