Fernando Nicácio da Cunha Filho*
A infraestrutura aeroportuária tem sido alvo de severas críticas de vários segmentos da sociedade brasileira, repercutindo até em reportagens na mídia internacional. A maioria das críticas foca os eventos pontuais, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, uma visão de curto prazo que ignora fatores técnicos, já que a escolha do Brasil para sediar esses importantes eventos esportivos já é por si própria um pré-reconhecimento da seriedade, profissionalismo e capacidade técnica para administrar as inúmeras demandas advindas dessa sazonalidade. Desqualificar o produto nacional é um velho hábito que tem resistido na mente de muitos compatriotas que alimentam a idéia de que somos inferiores às demais nações do planeta.
Muitos criticam e poucos analisam ou pontuam com conhecimento o estágio atual da infraestrutura aeroportuária. É até possível que quando os olhares do mundo estiverem focados no Brasil, os arautos do caos sequer sejam lembrados e as previsões pessimistas sobre o sucesso dos eventos sequer voltem à pauta. É essa liberdade que queremos da democracia, melhor regime do mundo, mas do qual muitos se aproveitam para falar inconseqüências e obter seus 15 segundos de fama.
Entretanto, à medida que o tempo avança, vozes técnicas, embora ainda com menos decibéis, mas com clareza e intensidade crescentes, começam a ser ouvidas. O setor aéreo já pondera o que sempre esteve no cenário: a infraestrutura existente nos aeroportos ainda pode atender com qualidade e segurança a demanda de curto prazo, bastando para isso que haja uma revisão na distribuição da malha aérea, utilizando horários ociosos em quase todos os aeroportos brasileiros, principalmente os localizados na região Nordeste, responsável até o mês de outubro por quase 22,2 milhões de passageiros, ou seja, 17,32% dos 132,4 milhões de passageiros atendidos nos 67 aeroportos administrados pela Infraero.
Salvador, Recife, Fortaleza, Natal e Maceió despontam como destinos preferidos, tanto para viajantes que buscam lazer, quanto os que aportam nas terras das águas mornas em busca de oportunidades de negócios.
Há muito trabalho e investimentos. A infraestrutura aeroportuária precisa e vai melhorar para atender e acompanhar o crescimento econômico do Brasil. Para o Nordeste, em seus principais aeroportos, existe um planejamento de investir mais de R$ 1 bilhão em obras de ampliação, aparelhamento, modernização e construção de novos terminais de passageiros, nos próximos cinco anos, muitas já contratadas e em execução. Projetos em diferentes fases estão em andamento e logo estarão prontos para serem licitados.
O Nordeste é uma região cheia de potencialidades e oportunidades de crescimento, cada vez mais reconhecida e em condições de receber mais voos, desafogando as rotas tradicionais para criar novas oportunidades de chegadas às capitais, já que atualmente a região vivencia uma concentração de voos, chegadas e partidas, predominantemente durante a madrugada, o que em algumas capitais dificulta o deslocamento até o destino final do passageiro.
Críticas serão sempre bem-vindas e são excelentes oportunidades para se conhecer o pensamento dos usuários dos serviços aeroportuários, além de balizadoras das melhorias que podem ser implementadas, mas sempre é bom considerar cada aeroporto como uma pequena cidade, onde muitos se esforçam e se completam na prestação de serviços ao público final. Identificar cada ator desse cenário, não é uma obrigação do usuário, mas um exercício de isenção e justiça na tentativa de responsabilizar o agente certo e aí sim, buscar cessar os efeitos indesejáveis, agindo na causa.
*Fernando Nicácio da Cunha Filho é Superintendente Regional da Infraero Nordeste
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