terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mulher é indiciada sob suspeita de injúria em voo do Peru para o Brasil

Segundo delegada, dançarinas dizem ter sido chamadas de 'pretas pobres'.

Suspeita nega as acusações, afirma a Polícia Federal.

Uma passageira do Airbus A320 da TAM - que realizava o voo 8067 - foi indiciada pela Polícia Federal por injúria qualificada na noite desta segunda-feira (15) após uma suposta ofensa contra dançarinas do grupo "Capital do Axé" durante a viagem entre Lima, no Peru, e o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Segundo a delegada Samira de Oliveira Bueres, diante da falta de testemunhas, a suposta agressora foi indiciada por portaria (quando não é possível lavrar o flagrante). "Não poderia fazer o flagrante sem testemunha e as moças não poderiam ser testemunhas umas das outras", afirmou. A suposta agressora foi liberada, mas terá de responder ao inquérito instaurado para apurar o caso. O crime é previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal, que determina uma pena de três anos de reclusão.

A delegada diz que as três dançarinas contaram ter sido agredidas verbalmente em inglês e depois em português. "Elas falaram que inicialmente as agressões foram em inglês e que estranharam porque os outros passageiros riram, mas elas não sabiam do que se tratava. A mulher estava dizendo que elas estavam se roçando nos outros passageiros, se prostituindo e que são pretas pobres."

Ainda de acordo com a delegada, a suspeita de agressão - uma médica brasileira - é branca, loira e de olhos azuis. "Ela declarou inocência e disse apenas que queria silêncio, que queria dormir", afirmou.

A assessoria de imprensa da TAM diz que houve uma discussão entre passageiras durante o voo e que houve pedido para que a Polícia Federal fosse mobilizada à espera do voo 8067, que pousou em Cumbica por volta das 19h30.

Segundo Igor Cavalcanti de Souza Silva, também integrante do grupo Capital do Axé, as três dançarinas entraram no avião e se sentaram em uma das últimas fileiras de bancos.

Segundo ele, uma senhora branca e de baixa estatura sentada à frente delas se incomodou com a presença das dançarinas e cogitou mudar de lugar. Ele conta que as agressões verbais, inicialmente em inglês e logo em seguida em português, começaram assim que o avião decolou.

"Ela chamou as meninas de macacas, de negras pobres e de prostitutas", diz Souza. Ele conta que assim que soube do ocorrido, avisou a comissária de bordo, que mobilizou a Polícia Federal em solo. Souza afirma que durante o depoimento à Polícia Federal as dançarinas choraram muito e ficaram nervosas. "A agressora diz que não fez nada, que estava dormindo", diz ele.

Uma biomédica que também estava no voo e que pediu para que seu nome não fosse revelado afirmou ao G1 que esperava para ir ao toalete quando presenciou uma conversa entre a comissária de bordo e a passageira apontada como agressora.

"Ela dizia: essas vagabundas ficam fazendo bagunça, vêm de Salvador para dar em cima dos machos", disse a passageira. Ainda de acordo com ela, as dançarinas agredidas reagiram.

"'Vagabunda você vai ver quando a gente descer. Isso não vai ficar assim', elas afirmaram", disse. Após a discussão, a mulher foi para uma das primeiras fileiras de bancos e as dançarinas permaneceram na última fileira.

Segundo a biomédica, policiais federais abordaram a passageira no terminal de desembarque e a conduziram até a delegacia do aeroporto.

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