O equipamento foi localizado e resgatado pelas autoridades francesas
São Paulo. Às vésperas de completar dois anos, o acidente do voo 447 da Air France (AF-447) está prestes a deixar de ser um mistério para famílias de vítimas e equipes técnicas da França e do Brasil. O passo decisivo foi dado no fim da madrugada de ontem, quando peritos do Escritório de Investigações e Análise para a Aviação Civil (BEA), órgão que apura o desastre, anunciaram ter localizado a segunda das duas caixas-pretas do Airbus A-330. Mas resta a dúvida sobre a resistência das cápsulas que protegem os gravadores, dois microchips ultrassensíveis.
O Cockpit Voice Recorder (CVR), aparelho que registrou os últimos 120 minutos de diálogos da tripulação, além de ruídos e alarmes sonoros do AF-447, foi localizado às 17h50 da última segunda-feira, no horário de Brasília, e trazido à superfície quase cinco horas mais tarde pelo submarino-robô Remours 6000, que equipa o navio Ile de Sein. A informação, porém, só foi divulgada durante a madrugada de ontem.
Ao contrário da primeira caixa-preta, o Flight Data Recorder (FDR), gravador dos dados eletrônicos do voo que fora encontrado no domingo (1º), o CVR foi localizado "inteiro", a cerca de dez metros da primeira caixa, preso ao seu chassi e à baliza que emitiu sinais sonoros nos primeiros 60 dias após o crash no Oceano Atlântico.
Nas imagens divulgadas nas primeiras horas da manhã, o equipamento aparece com pequenos amassados. Mas, de acordo com o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec, o CVR apresenta "bom estado" externo. "A caixa-preta está inteira. O chassi, o módulo e mesmo o cilindro da baliza estão lá. O aspecto exterior da caixa é correto", afirmou o chefe de perícia.
Como fora feito no último domingo com o FDR, o CVR foi depositado em uma caixa cheia de água do mar - o que o manterá no mesmo ambiente dos últimos dois anos, reduzindo o risco de degradação.
A seguir, o recipiente foi lacrado pelos oficiais de Justiça da França com um adesivo indicando o número do processo, a inscrição "Homicídio involuntário" e um selo inviolável. As duas caixas esperam agora a chegada de um navio da Marinha que as colherá, levando-as a seguir a Caiena, capital da Guiana Francesa, um dos territórios além-mar da França.
De Caiena, os equipamentos serão transportados de avião para Paris, e então para a sede do BEA, um percurso de mais uma semana. Em Le Bourget, onde está localizado o laboratório de perícia, os especialistas abrirão as caixas, retirarão os microchips e realizarão a leitura das informações, com a ajuda de um software especial.
Sobre o estado dos microchips protegidos no interior da cápsula metálica ainda não há informações precisas. A esperança de recuperar os dados é grande, mas os especialistas ainda tratam o assunto com bastante cautela.
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