sábado, 16 de abril de 2011

Projeto do aeroporto de Fortaleza deve sair até junho

Obras do terminal podem começar ainda neste ano, mas dados sobre o projeto divergem dos divulgados pelo Ipea


De acordo com a Infraero, atualmente, o Pinto Martins tem capacidade para 6,2 milhões de passageiros/ano

Até o fim deste semestre, o projeto de ampliação e modernização do Aeroporto Internacional Pinto Martins terá sido concluído. A empresa responsável pela elaboração do plano já encerrou os trabalhos e, agora, técnicos da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) estão fazendo os estudos necessários da adequação do esboço. A expectativa é que até junho a estatal dê um parecer positivo, conforme informou a assessoria de imprensa. Dessa forma, no segundo semestre será aceso o sinal verde para a realização da licitação para execução da obra, que podem começar ainda em outubro, caso o cronograma siga conforme o previsto.

Entretanto, os números projetados pelo Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) para a ampliação e modernização do Aeroporto Internacional Pinto Martins, cujas obras demorariam cerca de sete anos e elevaria a capacidade de três para seis milhões de passageiros/ano, destoam dos divulgados pela Infraero. De acordo com a empresa, a capacidade do terminal com sua ampliação será, na verdade, de 14 milhões de passageiros/ano. As obras devem ser encerradas em 2016, mas um ano antes da Copa, a primeira fase do projeto terá sido concluída, com a movimentação do aeródromo sendo de nove milhões de pessoas anualmente.

Demanda suprida

Além disso, segundo a Infraero, o Aeroporto de Fortaleza não está em situação crítica, conforme foi explicitado no levantamento do Ipea, pois possui estrutura para suportar um fluxo de até 6,2 milhões de passageiros ano. A distorção nos números é relacionada a uma mudança no cálculo de capacidade feita pela estatal. Anteriormente, era utilizada a medida de engenharia, em que o espaço poderia abrigar, de uma só vez, cerca de 8.219 pessoas, que multiplicadas pelos 365 dias do ano, daria os três milhões destacados no estudo do Ipea.

Cálculo reformulado

Com a reformulação do cálculo, em que a Infraero levou em consideração outros fatores, inclusive tecnológicos, como o advento dos totens para check-in, os números relacionados à capacidade do Pinto Martins foram retificados.

A assessoria de imprensa da Infraero informou ainda que existem alguns horários ociosos diariamente no terminal, como pela manhã, das 8h às 9h e das 10h às 11h, justamente devido à falta de demanda.

Sem posição oficial

Apesar disso, a Infraero ainda prefere não se posicionar sobre a nota técnica divulgada pelo Ipea na quinta-feira. Segundo a assessoria, a empresa não foi convidada a participar do estudo, e, portanto, desconhece os dados contidos na pesquisa.

No momento, técnicos da estatal avaliam as informações do Instituto de Pesquisa e só de pois que concluírem a análise, é que a empresa emitirá seu posicionamento oficial.

Atrasos

O Ipea divulgou a nota técnica "Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações", em que afirma que as obras do aeroporto só serão finalizadas em sete anos, mesma situação de outros oito aeroportos brasileiros sediados em cidades-sede da Copa.


SUPORTE À DEMANDA
Terminais regionais precisam de R$ 2,4 bi

São Paulo Levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar) estima que serão necessários investimentos de R$ 2,4 bilhões entre 2011 e 2015 para adequar um grupo de 174 aeroportos regionais para atender ao crescimento da demanda nesses terminais. O número foi apresentado ontem pelo representante da entidade, Anderson Correia, durante o Seminário Internacional de Concessão de Aeroportos, que acontece em São Paulo.

Segundo o especialista, o levantamento completo, com a necessidade de cada aeroporto, será encaminhado pela associação ao Ministério do Turismo. Correia explica que esse conjunto é composto, principalmente, de aeródromos municipais e estaduais, mas também conta com aeroportos administrados pela Infraero, como Vitória e Cuiabá, que não estão contemplados no pacote de investimentos previstos para atender à Copa do Mundo que acontecerá no País em 2014.

Estudo realista

O especialista, doutor em engenharia de transportes e ex-superintendente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), classificou como realista o estudo divulgado, na quinta, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que indicou que nove dos 13 aeroportos que receberão investimentos para aumento de capacidade não ficarão prontos a tempo para a Copa. "É muito improvável que a Infraero consiga cumprir o cronograma de modernização e aumento da capacidade dos aeroportos no prazo previsto", disse.

Segundo Correia, cumprir os prazos seria difícil até mesmo para a iniciativa privada. Ele estima que a construção de um novo aeroporto em São Paulo, como já foi cogitado, levaria no mínimo 10 anos. "Os prazos da Infraero não são realistas e o prognóstico para a Copa é alarmante", afirmou. Ele acredita que o governo deverá conseguir cumprir apenas as obras emergenciais e terá que ter um plano B para atender a demanda.

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